domingo, 29 de agosto de 2010

Viver de Modo Agradável - Vivamos de Modo Agradável - Pg. 63

"Mesmo uma paisagem que comumente é muito feia parece bonita quando amanhece coberta pela neve, porque o 'manto' macio e branco esconde todas as impurezas. Mas, quando os raios do Sol derretem a neve, coisas velhas e sujas reaparecem, tornando evidente que a sujidade não desapareceu e que o local não ficou limpo.
Usei este fato como uma metáfora para explicar que, também na vida, de nada adianta esconder os defeitos e os erros. Por mais que tentemos ocultá-los adornando-nos por fora, os esforços serão inúteis. Portanto, em vez de tentar camuflá-los, devemos concentrar os esforços em melhorar por dentro, praticando o bem. Sempre que descobrirmos uma falha em nós próprios, devemos corrigi-la imediatamente.
É desnecessário mentir para ocultar o erro cometido. Algumas pessoas me perguntaram: 'E no caso de alguém me mandar dizer o que não deve ser dito, como devo proceder?'. Talvez haja quem pense que, em tal circunstânicia, é natural optar por fazer declarações falsas, mas não convém agir desse modo. É melhor dizer, por exemplo: 'A respeito disso, nada posso dizer nesse momento'. Existe uma frase útil, bastante usada, que é 'Sem comentários', cujo significado é o mesmo que 'nada a declarar'. Se as personalidades importantes do governo fossem obrigadas a responder a todas as perguntas dos repórteres, é provável que a política mundial se tornasse caótica.
Talvez algumas pessoas contestem: 'Quer dizer que vale ocultar certos fatos?'. Quero deixar claro que esconder os erros e as falhas é diferente de não revelar certas questões da vida íntima, o que é uma atitude natural. Ninguém faz suas necessidades fisiológicas diante de outras pessoas. Todos as fazem discretamente, num lugar adequado, longe das vistas alheias. Trata-se de uma conduta natural, muito diferente de ocultar ou camuflar os erros. É também natural as pessoas não mostrarem a sua nudez em público. Isso faz parte das regras de boas maneiras e nada tem a ver com falsidade.
Deus não revela tudo a nós, seres humanos. Por isso, você não sabe até que idade vai viver, nem tem ideia de quem vai ser seu cônjuge e onde esta pessoa está atualmente. São coisas que não podem ser reveladas agora. No momento certo, você saberá de modo natural. Devemos todos ter uma conduta natural, praticando atos naturais com honestidade, alegria e prazer. Não devemos tentar ocultar a todo custo os nossos erros e as nossas falhas, mas também não precisamos escancará-los propositadamente.
As pessoas tendem a se preocupar com questões sem importância, receiam os pontos de vista e as críticas dos terceiros e, com isso, gastam energia e se estressam. Em consequência, reincidem nos erros, afligem-se e, muitas vezes, acabam adoecendo. São muitas as pessoas que vivem receosas das mais variadas coisas e, por causa disso, adoecem, cometem erros ou sofrem ferimentos. Devemos todos viver de modo condizente com a nossa natureza original de filhos de Deus, ou seja, viver com dignidade, honestidade e coragem. Não ocultar a verdade nem dizer mentiras - esse é um modo de viver que proporciona satisfação pessoal e bem-estar espiritual."

Com essas palavras o professor Seicho Taniguchi encerra o livrinho e nós encerramos o estudo do terceiro livro dele, após "O Modo Feliz de Viver" e "Convite Para a Felicidade"... o que podemos deste último capítulo apreender?

É mais ou menos como o resumo de toda a obra. Afinal de contas, viver de modo agradável significa, em poucas palavras, apenas isso: viver de forma natural. Simples, não? Mas como é viver desta maneira?

Faço aqui uma reflexão: sou advogado, e amiúde vou dormir (ou pior, acordo) ruminando problemas de importância transcendental como prazos de contestação e de uma apelação, por exemplo. Listo, antes das seis da matina, todos os meus afazeres, algo que só vou, efetivamente, fazer, mais de três horas depois. Não digo que isso é uma constante, mas esse seria, digamos, o modo natural de um advogado viver seu cotidiano, não?

E, vejam bem, já tive colegas que chegaram ao cúmulo de sonhar (isso mesmo, sonhar!) com determinados prazos... isso é que é dedicação fulltime ao trabalho, isso é que é ser workaholic!

Bom, mas respondam a minha última pergunta do penúltimo parágrafo: isso é o modo natural de um advogado viver seu cotidiano? A resposta é NÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!! Ou melhor, um advogado até pode, mas um filho de Deus, NÃÃÃÃÃÃOOOO!!!

Aplico este exemplo ao meu caso, mas agora convido todos os meus diletos leitores a fazer a mesma reflexão. Quantos de nós deixamos de viver de modo natural por problemas facilmente solúveis que tendemos, sempre, a enxergar com o mais potente microscópio de nossas ilusões?

Fica aqui a lição: viver de modo agradável é viver de modo natural. E viver de modo natural exige, por mais paradoxal que seja, prática. Isso mesmo, prática e reeducação mental para discernir o que é verdadeiro e o que é ilusório em nossa vida. Como cantavam os Titãs, "devia ter me importado menos com problemas pequenos..."

Aliás, vamos encerrar este post com esta bela canção? Acessem então http://www.youtube.com/watch?v=L3eiOMQVUqs... leiam os comentários que se seguem e vejam que a busca por uma vida natural não é exclusividade apenas dos praticantes da Seicho-No-Ie!

E ao som deles me despeço de mais este estudo! Muito obrigado, e até o próximo estudo!

sábado, 28 de agosto de 2010

Palestra 28.08.10 - Capítulo 17 do Livro dos Jovens - A Conscientização Que Faz Exteriorizar A Capacidade Infinita do Homem

PALESTRA – 28.08.2010 – O LIVRO DOS JOVENS
CAPÍTULO 17 – A CONSCIENTIZAÇÃO QUE FAZ EXTERIORIZAR A CAPACIDADE
ILIMITADA DO HOMEM – PGS 225 – 251
LIÇÕES DE NASMUCH
1a Lição (Pg. 240): “Não devemos desprezar a oportunidade que existe na situação presente, por menor que seja. As mil promessas de oportunidades futuras nada valem diante de uma oportunidade real, ao alcance de nossas mãos. Devemos, pois, tirar o máximo proveito da situação atual.”1
2a Lição (Pg. 241): “A sorte é inconstante e fugidia. Somente com firmeza podemos mantê-la. Se a tratarmos com demasiada complacência, ela acabará fugindo, em busca de alguém que tenha caráter mais forte (no meu entender, ela é o oposto de todas as mulheres que conheço)2”.
3a Lição (Pg. 242): “Nesta vida existem muitos caminhos, mas a maioria nos leva para baixo. Esses caminhos descendentes podem ter declives bruscos ou suaves, mas invariavelmente nos conduzem ao fracasso. O fracasso provém do afrouxamento da Vida. Fracassam somente aqueles cuja existência parece ser mera caminhada para o túmulo. Para aqueles que vivem intensamente, não existem fracassos. Com a mudança do rumo, o mesmo caminho que conduz para cima pode também conduzir para baixo. E mais: há caminhos com declive pouco acentuado, os quais, embora constituam trajetos mais longos, são mais seguros e adequados.”
4a Lição (Pg. 243): “É preciso buscar a companhia de pessoas sérias e esforçadas. Se você viver no meio de um bando de vagabundos, eles acabarão por sugar toda a sua energia”3.
5a Lição (Pgs. 244-249): “O 'homem positivo', isto é, aquele em que há apenas o 'eu positivo', consegue realizar todas as coisas. O mundo todo lhe pertence. Ele nada teme; nenhum obstáculo consegue retê-lo. Ele é aquele que comanda. À sua aproximação, os oponentes fogem rapidamente. Ele tem a força capaz de remover montanhas e fechar vales. Aonde quer que ele vá, o caminho à sua frente torna-se plano.”4
ALGUNS CONSELHOS DE NASMUCH AOS LEITORES (PGS. 249-251):
1. Você conseguirá obter qualquer coisa que deseja, se a sua intenção é para o bem de todos. Basta estender suas mãos. Conscientize-se de que dentro de você existe uma força capaz de dirigir todas as coisas, segundo o seu desejo. Conscientize-se de que você pode ter tudo o que quiser.
2. Livre-se de todo e qualquer tipo de medo. O medo faz parte do “eu negativo” do homem.
3. Se você possui habilidade para alguma coisa, use-o no sentido de contribuir para o bem da humanidade. A humanidade se beneficiará com isso, e consequentemente você também será beneficiado.5
4. Procure sempre comunicar-se com seu “eu positivo”. Ouvindo os conselhos do seu “eu positivo”, você jamais sofrerá fracassos.6
5. Meras teorias filosóficas não resolvem nada. Tenha em mente que o mundo é uma realidade concreta.7
6. Realize tudo o que estiver ao alcance de suas mãos. Resista às tentações que procuram desviá-lo do seu objetivo. Para realizar boas obras, você não precisa esperar o convite de ninguém. Tome a iniciativa, imediatamente8.
7. O homem negativo (isto é, aquele que está dominado pelo seu “eu negativo”) precisa do perdão dos outros. O homem positivo (isto é, aquele em que prevalece o “eu positivo”) dá perdão aos outros.9
8. A sorte está sempre ao seu alcance, ao longo da estrada da vida. Agarre-a. Ela é sua. Ela pertence a você.10
9. Comece a agir agora mesmo. Estenda sua mão e tome para si as coisas positivas. Nesta vida, o “agora” é o momento mais solene, é o momento positivo.11
10. O seu “eu positivo” está ao seu lado, agora. Purifique sua mente e fortaleça seu espírito, para que ele possa entrar em você. Ele está esperando.12
11. Inicie agora mesmo a nova jornada da sua vida.
12. Esteja sempre atento, para ver se dentro de você predomina o “eu positivo” ou o “eu negativo”. Se descobrir que o “eu negativo” está predominando, faça tudo para expulsá-lo. E não permita que ele torne a se “alojar” em você, nem mesmo por um instante!13
1 “De que adianta ficarem hesitando ou relutando? Isso só os fará desperdiçar seu tempo. Desperdiçar o tempo é desperdiçar a Vida. Não fiquem adiando aquilo que pode ser realizado agora, pensando que poderá chegar uma hora mais oportuna. O agora é a hora mais oportuna para a realização daquilo que tem possibilidade de ser realizado agora. Dizem que o deus chamado ‘oportunidade’ tem cabelos só na parte anterior da cabeça. Portanto, vocês devem ir ao encontro do deus da’Oportunidade’ e agarrar-lhe o topete. Este é o segredo do êxito” (A Verdade da Vida, vol. 7 in O Livro dos Jovens, pg. 260-261)
2 “A sorte é como um cavalo preguiçoso: não corre se não lhe dermos chicotadas. Não devemos mimá-la” (pg. 241).
3 “O que mais precisamos nesta vida é de alguém que nos ajude a exteriorizar plenamente as nossas capacidades. As pessoas que nos prestam esse valioso auxílio são os nossos amigos: bons amigos, sinceros e leais. Andando em companhia de bons amigos, conseguimos progredir facilmente. Bons amigos são como poderosos imãs que ‘extraem’ as qualidades ocultas dentro de nós. Quão valiosos são os bons amigos que nos ajudam a abrir completamente a porta do ‘tesouro’ que existe dentro de nós mesmos! Os verdadeiros amigos são aqueles que entendem nossos pensamentos e sentimentos, mesmo quando não os expressamos através de palavras; são aqueles cuja companhia é suficente para que se estabeleça logo um perfeito ‘entrosamento de almas’; são aqueles que aumentam a nossa capacidade, unindo a sua à nossa, e possibilitando-nos realizar coisas que nós próprios julgamos impossíveis de realizar” (in O Livro dos Jovens, pg. 125-126)
4 Reflitamos um instante: Não seria este “homem positivo” o homem conectado com Deus através do Shinsokan?
5 “Se nós desejarmos realizar algo para a felicidade da comunidade, poderemos contar com a cooperação do subconsciente de toda a humanidade, pois estaremos em sintonia com Deus e teremos inteiro apoio dEle. Por isso, um desejo dessa natureza será infalivelmente concretizado. Mas, se permitirmos que nesse desejo se infiltrem ambições egoístas, ele se tornará impuro, deixaremos de receber o apoio do subconsciente da humanidade, não entraremos em harmonia com o grande Amor de Deus, e consequentemente não poderemos concretizar esse desejo” (Yoshihiko Iuassaca, A Prosperidade em Suas Mãos, pg. 59-60),
6 Esse “eu positivo” é nossa Imagem Verdadeira. Comunicamo-nos com ela, ou melhor, a contemplamos através do Shinsokan.
7 Não por outra razão a Seicho-No-Ie é considerada uma filosofia prática de vida: “Não existe nem fé, nem a compreensão da Verdade e nem a iluminação fora da vida cotidiana, a Verdade deve ser posta em pratica” (Do livro Seishishu, “Meditações” in O Livro dos Jovens, pg. 273).
8 “O que é possível realizar agora, poderá tornar-se impossível depois. Agora é o momento! ‘Agarrem’ a possibilidade do agora! Conquistem o ‘agora’, à vontade! A partir daí, vocês poderão descortinar o futuro” (A Verdade da Vida vol. 7, in O Livro dos Jovens, pg. 260).
9 Porque o homem negativo é fenomênico, comete erros, ao passo que o homem positivo é espiritual, perfeito.
10 Vejam as considerações tecidas na segunda lição de Nasmuch.
11 “Irmãos da Seicho-No-Ie! Agora é a sua hora! É agora, ou nunca! Irmãos! Com grande determinação, realizem, agora mesmo tudo que lhes cabe fazer neste momento! Este é o modo de viver da Seicho-No-Ie. Esse é o modo de viver que está em conformidade com a Lei do ‘Desenvolvimento (manifestação) da Vida’. (A Verdade da Vida, vol. 7, in O Livro dos Jovens, pg.260.
12 O que é este conselho senão um convite para praticarmos o Shinsokan todos os dias sem falta?
13 Por isso aqueles velhos conselhos de “Orai e Vigiai”, “Orai sem Cessar” na Bíblia, e “Iluminar a mente, praticando a Meditação Shinsokan todos os dias sem falta”, Oitava Norma Fundamental dos Praticantes da Seicho-No-Ie.

Da Décima Nona Palestra

E acabei de chegar da Regional com minha décima nona palestra, um remake da minha primeira palestra, lá no Carlos Victor, capítulo 17 do Livro dos Jovens. E, para variar, vou liberar o resumo do mesmo (que já está sendo chamado de "apostila") no próximo post. Palestra boa, muito embora o pessoal estivesse muito quieto... destaque para a ilustre presença das três últimas presidentes da Associação dos Jovens, a saber, Flavia, minha augusta noiva, sua sucessora Nívea e a recém eleita Elisângela... três gerações de liderança, nada mal...

Palestra de 24.08.10 - O Trabalho Não É Sofrimento

PALESTRA – A VERDADE VOL. 8 - PG. 88-89
Trabalho não é sofrimento
Não há como realizar um bom trabalho ou ter um bom rendimento pensando: “Será que esta empresa não vai falir?”, “Se a empresa quebrar, como vou sustentar a família?”, “Talvez seja melhor mudar de emprego agora, para garantir meu futuro”, etc. Quem trabalha tem a obrigação e o poder de manter a mente alegre. Deus não criou o trabalho como sofrimento; portanto, é natural que o próprio fato de trabalhar constitua alegria. Se a pessoa passa a sentir o trabalho como sofrimento, é porque ela vende sua força de trabalho, e isso significa vender seu próprio corpo. O corpo carnal vendido torna-se um corpo escravo; assim, é natural que o trabalho passe a ser sentido como sofrimento. Por mais cara que seja, a vida vendida é uma vida escrava.
1. As duas visões do trabalho
Este trecho apresenta duas visões do trabalho, o trabalho sobre o ponto de vista materialista e o trabalho sobre o ponto de vista espiritualista. Qual a diferença entre estes pontos de vista?
2.A visão materialista do trabalho
“Não há como realizar um bom trabalho ou ter um bom rendimento pensando: “Será que esta empresa não vai falir?”, “Se a empresa quebrar, como vou sustentar a família?”, “Talvez seja melhor mudar de emprego agora, para garantir meu futuro”, etc. “
2.1. Etimologia da palavra “trabalho”:
O “Dicionário Etimológico Resumido” de Antenor Nascentes, nos dá a etimologia da palavra “trabalho”, em sua página 740 (edição de 1966), que denota uma visão fortemente materialista. Leiamos:
Trabalhar. Do lat. Vulg. *tripaliare, “martirizar com o tripalium”. Da ideia de “sofrer”, passou à de “esforçar-se, trabalhar”. Suplantou laborare e operare. Tripalium era instrumento de tortura, composto de três paus (tres “três” e palu “pau”), destinado a sujeitar bois e cavalos que não se deixavam ferrar. A ideia de “sofrimento” ainda está na expressão “trabalho de parto”. Deve ter havido uma forma intermediária *trebalhar (cf. Trepalium em decisões dos concílios de Auxerre e Macon), prov. Trebalhar, cat. Treballar, alto aragonês treballar.
No Japão do Mestre Masaharu Taniguchi, o conceito de trabalho também é semelhante. Trabalhar, em japonês, significa hataraku, que, na obra “Minhas Orações”, na pg. 166, significa “dar conforto ao próximo”. Analisando-se o ideograma de “trabalho” em japonês, destacamos as seguintes partes:
O ideograma hataraku em japonês subdivide-se em três ideogramas, da direita para a esquerda: hito pessoa; kasaneru, pesado, e tikara, força. Bem literalmente, pessoa fazendo força pesada. Isso denota a visão materialista do trabalho, mesmo numa sociedade tão culturalmente distinta da ocidental, como a japonesa.
2.3. O trabalho no inconsciente coletivo
Algumas frases ou ditos espirituosos viraram comunidades no Orkut, tendo vários membros. Os mesmos expressam a visão atual do trabalho. Tomemos alguns exemplos:
Comunidades no Orkut (vistos em 19.08.10)
“Eu Detesto Segunda-feira: 783.022 participantes
“Trabalho não é ruim, ruim é ter de trabalhar” : 63.308 parrticipantes
“Odeio Segunda-feira”: 25.939 participantes
“Droga! Amanhã é Segunda-Feira”: 22.789 participantes
“Segunda-Feira não devia existir”: 14.892 participantes
“Hoje é Segunda-feira 13”: 1.992 participantes
2.4. Concepção marxista sobre o trabalho: Por fim, segundo o marxismo, o trabalho é o campo de batalha entre duas classes irreversivelmente antagônicas, a saber: a burguesia e o proleteriado. Assim, lemos no Manifesto Comunista de 1848, de Karl Marx e Friedrich Engels:
“A história de todas as sociedades que existiram até hoje é a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo da gleba, membro da corporação e aprendiz, resumindo, opressor e oprimido, estiveram em constante oposição uns contra os outros; conduziram uma luta ininterrupta, aberta ou disfarçada, uma luta que por vezes terminou na transformação revolucionária da sociedade inteira, ou então com a ruína comum das clases em lutas (...) A nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade cada vez mais se divide em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que se enfrentam diretamente: burguesia e proletariado (...) Ela afogou nas águas geladas do cálculo os sagrados temores do fervor religioso, da exaltação cavalheiresca e da melancolia pequeno-burguesa. Fez da dignidade pessoal uma ilusão e, no lugar das liberdades garantidas, gratuitas e plenamente adquiridas, colocou apenas a inconsciente liberdade de comércio. Em uma palavra, substituiu a exploração velada por ilusões religiosas e políticas pela exploração fria, direta e aberta. A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então tidas como veneráveis e encaradas com religioso temor. Transformou em trabalhadores assalariados o médico, o advogado, o padre, o poeta e o cientista.1
3. A Visão Espiritualista do Trabalho
“Quem trabalha tem a obrigação e o poder de manter a mente alegre. Deus não criou o trabalho como sofrimento; portanto, é natural que o próprio fato de trabalhar constitua alegria.”
O trabalho, visto pelo prisma espiritualista, é resumido em uma única frase: Proporcionar o bem ao maior número possível de pessoas.2 Não por acaso, este é o princípio da prosperidade da Seicho-No-Ie, ou seja, o “Dá e Receberás”, como exposto no prefácio da “Chave da Provisão Infinita”: “Hoje, o mundo empresarial do Japão sofre as consequências da crise econômica. Ocorre isso porque os empresários disputam com a mente que usurpa, achando que sua empresa prosperará se vencer o concorrente. Entretanto, obtém-se a prosperidade perene ao colocar em prática a lei 'Dai e ser-vos-á dado'” (pg. 7).
3.1. A profissão serve para dar uma contribuição à humanidade e para aprimoramento pessoal3
Não se deve procurar uma profissão pensando apenas em ganhar dinheiro. A finalidade da profissão é: (1) concretizar o amor de Deus, ou seja, contribuir para a felicidade da humanidade; (2) manifestar a capacidade latente e desenvolvê-la, realizar a auto-educação, cultivar a capacidade de ficar atento a tudo, sem esmorecer diante das dificuldades, conhecer a alegria de contribuir para o bem-estar do próximo e formar uma personalidade ampla e elevada.
A remuneração em dinheiro é apenas um benefício concomitante do processo de aprimoramento pessoal, e não o objetivo principal da profissão. Por maior que seja o valor da remuneração, se a pessoa oferece seu labor com o único objetivo de ganhar dinheiro e não leva uma vida de dedicação ao próximo, está se vendendo e, portanto, não diferec daquelas que praticam a prostituição. Lamentavelmente, muitas pessoas só pensam no valor da remuneração, não conseguem captar a essência da profissão, que é a oportunidade de auto-aprimoramento, e vivem buscando o aumento salarial. Com esse objetivo, incitam os companheiros à luta ou são instigados pelos agitadores e, tornando-se militantes ferozes cheios de ódio, agem de modo a destruir a própria dignidade.
3.2. O trabalho é obra de Deus4
“No princípio, Deus criou o céu e a terra” - certamente você já teve oportunidade de ler essas palavras, que constam na Bíblia, no livro do Gênesis. Este mundo em que vivemos surgiu a partir do ato de criar. A verdadeira natureza da nossa Vida consiste, nada mais nada menos, na força de criar ou, em outras palavras, na capacidade de trabalhar. Realizar um trabalho, criar alguma coisa, produzir alguma coisa – isso é obra da Vida, é obra de Deus. Cristo também disse: “Meu Pai trabalha até agora”5. Portanto, leitor, trabalhemos nós também! O nosso caminho está unicamente no trabalho. Odiar o trabalho é o mesmo que odiar o próprio fato de viver. Em verdade, trabalhar ou criar é permitir que a Vida siga o seu próprio caminho.
3.3. Por que o trabalho é sagrado?6
Qualquer trabalho é sagrado, pois é a expressão da Vida de Deus. Podemos compreender a natureza sagrada do trabalho somente quando admitimos a existência de Deus e reconhecemos o trabalho como Sua auto-expressão. Se o homem fosse simples matéria, e o trabalho não passasse de automatismo de um equipamento material, não haveria nada que fundamentasse a afirmação de que o trabalho é sagrado. Do materialismo não é possível surgir uma ideologia que valorize o trabalho e o trabalhador. “Trabalhadores do mundo inteiro, abandonem o materialismo!” Somente por meio dessa exortação é que conseguiremos suscitar nos trabalhadores a consciência de seu valor e dignidade. Às vezes, o trabalho se torna penoso e desagradável, e provoca nos homem uma fadiga excessiva. Na verdade, não é o trabalho em si a causa disso, e sim a aversão ao trabalho, provocada pelas ideias e sentimentos errôneos a respeito do trabalho. Mesmo que seja pouco, o trabalho feito contra a vontade é cansativo.
3.4. Nona atitude mental que afasta a prosperidade: trabalhar sempre em benefício próprio7
Pensar em si mesmo é puro egoísmo. O sentimento de egoísmo rejeita a provisão infinita e se distancia da força da prosperidade que é Deus. Para que possamos sintonizar e receber a força da prosperidade, primeiramente, a nossa mente deve estar sintonizada com o desejo de grande número de pessoas. Se nós desejarmos realizar algo para a felicidade da comunidade, poderemos contar com a cooperação do subconsciente de toda a humanidade, pois estaremos em sintonia com Deus e teremos inteiro apoio dEle. Por isso, um desejo dessa natureza será infalivelmente concretizado. Mas, se permitirmos que nesse desejo se infiltrem ambições egoísticas, ele se tornará impuro, deixaremos de receber o apoio do subconsciente da humanidade, não entraremos em harmon com o grande Amor de Deus, e consequentemente não poderemos concretizar esse desejo. Faça algum trabalho, mesmo que seja insignificante, mas que seja útil e que beneficie direta ou indiretamente alguém, mesmo não sendo remunerado.
Se alguém estiver trabalhando com o único objetivo de ganhar remuneração em dinheiro, estará vendendo a si próprio. Esse comportamento é o mesmo que o da prostituição. Com certo exagero, podemos dizer até que essa atitude é um pouco pior do que a prostituição, pois, de modo geral, quem se prostitui vende somente o contato da pele ou da mucosa do seu corpo, mas quem trabalha visando unicamente à remuneração está vendendo o corpo inteiro. Aquele que trabalha apenas para ganhar dinheiro não está conscientizado do verdadeiro significado nem do profundo valor espiritual do trabalho (...)
Nós sabemos que as palavras emitem determinadas ondas de vibrações. Portanto, quem estiver exercendo uma função na forma de trabalho, por influência da vibração da palavra, estará tendo um sofrimento. Se o trabalho fosse sofrimento, seria evidente que quem trabalhasse com esse pensamento desejaria diminuir sua carga horária, exigindo uma maior remuneração. Por isso, devemos nos conscientizar, cada vez mais, do real significado do trabalho e sua importância. Na língua japonesa, a palavra trabalho é expressa pelo ideograma hataraku, o qual tem o significado de “oferecer conforto aos outros”. Nesse caso, o esforço e a dedicação ao trabalho devem proporcionar bem-estar aos semelhantes. É evidente que esse trabalho se torna gratificante e motivante.
Aparentemente, o “trabalho” parece ser um meio para se obter dinheiro, porém o seu verdadeiro e o mais importante significado é “servir à humanidade”, é “manifestar amor”, é “desenvolver a alma” através dele. Sem trabalho, não podemos ser úteis à humanidade, nem manifestar nosso amor, nem desenvolver a nossa alma. O trabalho é uma “atividade da vida” destinada a aprimorar e elevar a nossa alma. O trabalho é uma oportunidade para manifestar a nossa vida, a Vida que recebemos de Deus. Portanto, podemos dizer que a pessoa que não exerce nenhum trabalho é alguém realmente infeliz. A pessoa que deixa de trabalhar está abandonando a “escola da vida” e está renunciando a manifestação de sua preciosa energia vital. (...)
O homem, através da execução de algum trabalho, torna-se útil a seus irmãos da vida em sociedade e, ao mesmo tempo, encontra uma oportunidade de polir a sua alma. Essa é a missão com que o homem nasceu aqui na Terra. Com a execução de um trabalho útil, o homem consegue descobrir a razão de viver e adquire confiança em sua força vital.
Qualquer trabalho, por mais insignificante que seja, estará ligado ao “Amor de Deus” se tiver como finalidade vivificar os familiares e o próximo. Enquanto estivermos realizando esse trabalho como que servindo, sentiremos a alegria e a razão de viver, em proporção direta à nossa dedicação a ele. Se alguém não consegue sentir a alegria de viver, é porque está dedicando sua vida apenas a si próprio, deixando de vivificar os outros.
3.5. Oração para ter boas ideias para servir à humanidade:
“Ó Deus, Criador do Universo e meu Pai, concedei-me uma boa ideia, que esteja de acordo com o meu talento e que beneficie o maior número possível de pessoas. E concedei-me a força vital capaz de realizar essa boa ideia.
Minha oração já foi ouvida, muito obrigado” (A Verdade da Vida, vol. 8, pg. 161)
1“Enquanto as pessoas acreditarem que existe uma 'situação material' chamada pobreza, terão de recorrer a algum meio material, na tentativa de combatê-la. Então, é natural surgirem ideologias materialistas com a de Marx” (A Verdade da Vida Vol. 17, pg. 16)
2Esta não é uma verdade exclusiva da Seicho-No-Ie. O economista austríaco Ludwig von Mises, em sua “A Mentalidade Anti-Capitalista”, assim se expressa, na pg. 15: “Para quem reclama da injustiça do sistema de mercado, cabe somente um conselho: se quiser enriquecer, tente satisfazer o público oferecendo-lhe algo mais barato ou de que ele goste mais (...) Porque essa é a lei da democracia econômica de mercado. Aqueles que satisfazem um número menor de pessoas conseguem menos votos – dinheiro – do que os que satisfazem o desejo de mais pessoas”
3Reconstruindo a Vida Humana, in “Você É Dono de Potencialidade Infinita”, pg. 210.
4A Verdade da Vida vol. 7 in “Você É Dono de Potencialidade Infinita”, pg, 211
5No Bhagavad Gita consta este belo trecho dito por Krishna (Deus): “Se eu não agisse sem cessar e me retirasse de minhas manifestações, a humanidade em peso ficaria sem luz nem orientação e acabaria por se perder. Se, por um momento, eu deixasse de agir, pereceria o mundo inteiro, vítima do caos – e minha seria a culpa da ruína da humanidade (Cap. 3, 23-24)
6A Verdade, vol. 9 in “Você É Dono de Potencialidade Infinita”, pg, 215-216.
7A Prosperidade Em Suas Mãos, Yoshihico Yuassaca, pg. 59-64.

Da Décima Oitava Palestra

Sim, eu me rendo, estou relapso quanto às minhas atualizações, mas vamos lá: terça-feira, lá na Fraternidade de Icaraí, dei minha décima oitava palestra, muito boa, subcapítulo do volume 8 da Verdade, "O Trabalho Não É Sofrimento", que, claro, vou disponibilizar no próximo post. Devo ter ido bem, já que o Jorge disse que iria mostrar meu resumo aos seus demais colegas de trabalho...
Vamos lá então, com a décima oitava...

Viver De Modo Agradável - Tudo Amadurece - Pg. 59

"Quando era jovem, eu pensava que a beleza da mulher desaparecias com o passar dos anos. Mas, à medida que fui avançando na idade, percebi que a beleza da mulher permanece mesmo com o passar do tempo. Compreendi que o âmbito do belo é muito amplo e que em cada faixa etária - infância, adolescência, juventude, maturidade, velhice - as pessoas têm a beleza própria da idade.
Tornar-se idoso é ver ampliado cada vez mais o âmbito do amor; é notar cada vez mais a existência do belo e compreender que tanto as crianças e os jovens como os idosos têm a beleza peculiar à idade. Indo ao exterior, será possível perceber a beleza dos estrangeiros, como também apreciar as belas paisagens locais.
Posso ficar encantado com a beleza estrangeira, mas isso não quer dizer que deixo de admirar a beleza em meu país. Meu país continua belo, e as suas peculiaridades me tocam o coração. O que quero dizer é que, ampliando o âmbito do conceito de belo, torna-se possível compreender cada vez mais as diferentes formas do belo.
A mulher também passa a compreender melhor a beleza masculina quando amplia a mente. Ampliando a mente, as pessoas tornam-se capazes de compreender a diferença entre as qualidades femininas e as qualidades masculinas. Compreendem que ambas têm a mesma importância, apesar das diferenças, e que elas não se confrontam, e sim complementam-se.
Portanto, o movimento feminino não deve consistir em suscitar antagonismo e rivalidade contra os homens; pelo contrário, deve ser um movimento para que as mulheres colaborem com os homens, valorizando as próprias qualidades e mostrando suas peculiaridades e sua autonomia. Devemos todos cuidar para não ter a mente estreita e egocêntrica. O correto é ter a mente ampla, flexível, compreensiva e bem organizada.
As três organizações da Seicho-No-Ie, que são as Associações Pomba Branca, Fraternidade e dos Jovens, já existem há bastante tempo, e creio que se tornaram organizações de mentalidade ampla, de uma beleza profunda, de natureza espiritual. Em outras palavras, amadureceram com o passar dos anos.
Se ainda existirem alguns pontos imaturos, certamente serão corrigidos logo. As organizações amadurecerão e conseguirão descobrir diversas expressões do belo e do bem deste mundo, que antes passavam despercebidas. E, com certeza, elas se fortalecerão cada vez mais e desenvolverão atividades que têm grande poder de atrair as pessoas.
Quando as Associações amadurecem, tornam-se fortes e atraentes; assim, é natural que consigam reunir idosos, jovens, homens e mulheres. Consequentemente, nossas atividades se tornam imbatíveis, onde quer que sejam realizadas.
Eu consigo ver beleza nas mulheres idosas, e também admiro sinceramente a beleza das que estão no auge da maturidade. Espero que a Associação Pomba Branca seja sempre uma organização dinâmica que, mesmo com o passar do tempo, não perca a beleza, tornando-se cada vez mais profunda e apurada. Digo o mesmo a respeito da Associação Fraternidade e da Associação dos Jovens."

Amadurecimento é o tema deste capítulo, amadurecimento analisado em várias vertentes. O amadurecimento é o progredir do arroubo da juventude para a idade madura. Lembro-me da frase de Victor Hugo: "Nos jovens arde a chama, nos velhos brilha a luz". É bem por aí. Na realidade, chama e luz são dois extremos altamente desejáveis, e em vários momentos da nossa vida necessitamos, ora da chama, ora da luz...
O amadurecimento também significa estabilização e auge de uma determinada situação ou condição. O Machado de Assis maduro é bem melhor do que o jovem; imagine se dessem para o pequeno Quincas, batedor de sino nas Igrejas do Centro do Rio há século e meio atrás, um bloco de papel e uma breve ideia para o mesmo escrever Dom Casmurro? Certamente a ideia não vingaria, não?
Ainda no campo da Literatura, soube outra ocasião que o "Fausto" de Goethe levou uma vida inteira, isto mesmo, uma vida inteira para ser escrita. Isso porque o autor nunca se sentia satisfeito com sua obra, que, afinal de contas, é um dos colossos da literatura mundial...
E para alcançarmos a maturidade não há outro jeito, senão esperar. A perseverança é favorável, a prática idem. E prática sem pressa, sem querer queimar ou passar por cima de etapas...
E assim iremos, como a própria SNI, progredindo infinitamente, amadurecendo também infinitamente...

domingo, 22 de agosto de 2010

Viver De Modo Agradável - A Flexibilidade E A Dureza - Pg. 55

"Existe o ditado: 'A flexibilidade acaba vencendo a dureza'. Essa frase expressa a verdade. O aço é duro e, após forjado, pode se tornar uma espada excelente, de corte excepcional. Mas nem mesmo uma espada da mais alta qualidade consegue cortar todas as coisas. Por exemplo, ela não consegue cortar coisas fluidas, como o ar. Quando o ferro e a pedra se chocam, saem faíscas. Mas o ferro não consegue bater contra o ar, que é um meio fluídico. Tanto o ferro como a pedra jamais conseguem vencer o ar.
Existe outro ditado: 'A água amolda-se à forma do recipiente'. Colocada num vaso quadrado, a água toma a forma quadrada; colocada num vaso triangular, toma a forma triangular, e assim por diante. Graças à sua fluidez, a água se infiltra no solo passando por frestas minúsculas, beneficia todas as coisas, vivifica e sustenta todos os seres.
Também a mulher, contanto que não perca as suas características naturais que são a flexibilidade e a suavidade, consegue introduzir-se sutilmente em todos os meios, vivificar e cultivar muitas coisas, e merecer o elogio de seu uma criatura mais bela e sublime deste mundo, do mesmo modo que o ar e a água são considerados fonte de Vida e tratados como elementos essenciais.
Parece que nos dias atuais, a mulher, que é uma criatura valiosa por ser flexível e suave, insiste no esforço de perder essas características naturais, querendo imitar o homem. Mas, no que concerne à força física, a mulher não consegue rivalizar-se com o homem, por mais que tente. Isso é comparável ao fato de que a água, mesmo que solidifique e se torne um cubo de gelo bastante duro, não será capaz de quebrar um pedaço de ferro. Também o ar, quando perde suas caracterísiticas naturais, não serve para a respiração do ser humano. Por exemplo, o ar líquido é utilizado na fabricação de explosivos.
Existem casos de mulheres capazes de superar os homens na força e na resistência: já surgiram lutadoras profissionais de força surpreendente, mulheres enérgicas atuando no mundo político, ditadoras e tiranas que não hesitaram em destruir muitas pessoas etc. Mas foram casos excepcionais.
Não devemos misturar as particularidades com a generalidade. Se as pessoas tiverem a ideia equivocada de que a libertação da mulher só se consegue com a perda de suas características naturais, a humanidade sofrerá sérios danos, e poderá ocorrer uma grande destruição na Terra.
A característica original da mulher é a flexibilidade, e a do homem é a dureza. Ambos são valiosos por própria natureza. É desnecessário se esforçar em assumir um aspecto que não é natural. No ditado 'A flexibilidade acaba vencendo a dureza' está subentendido que a flexibilidade controla a força, estabelece o equilíbrio e a harmonia. Havendo equilíbrio e harmonia, todos os lares se tornam felizes e, como consequencia, passa a reinar paz no mundo.
O fato de a água amoldar-se à forma do recipiente não a coloca numa posição inferior à do recipiente. Mas isso não significa que é superior. Tanto o recipiente como a água têm o respectivo valor. Ambos são necessários. Se temos água mas não dispomos de recipiente, não podemos transportá-la. Se temos recipiente mas não dispomos de água, não podemos matar a sede.
Esta vida assume um aspecto perfeito somente quando a flexibilidade e a dureza ajudam uma a outra, unem-se e se complementam, contribuindo com as respectivas caracterísiticas. Assim, 'é feita a vontade de Deus, tanto na terra como no céu'. Mantém-se a diferença essencial, mas tanto a flexibilidade quanto a dureza são igualmente respeitadas e valorizadas."

Belo trecho este, ainda mais para mim, que no final de setembro darei palestra no Departamento Feminino e, confesso, pouco sei ainda sobre alguns aspectos da feminilidade dentro da SNI. Mas este capítulo nos dá algumas mostras do que vem a ser. Entretanto, cabe aqui algumas reflexões interessantes, acompanhem:
1. Muito embora o professor Seicho tenha tecido as mais altas loas às características da flexibilidade e da dureza, ele excetua, em especial do lado feminino, algumas situações em que flexibilidade e dureza não necessariamente sejam aspectos femininos e masculinos, respectivamente, o que corrobora a tese da SNI de que é preciso abolir o "tem que ser assim";
2. Outro ponto interessantíssimo a meu ver é a paridade de condições que a SNI concede ao homem e a mulher, em suas características básicas, a saber, a necessidade de ser duro e a necessidade de ser flexível. Reparem ainda que o capítulo realça mais o aspecto da flexibilidade, o que significa que é um capítulo que resgata esta importante condição feminina, a de amoldar-se às situações. Amoldar-se, neste ponto, assemelha-se muito ao chamando hainikopon, a aceitação de tudo e à submissão ao centro, no caso o homem (soa machista, e amiúde é machista, no sentido de aceitar o homem como o cabeça do relacionamento, do ponto de vista feminista);
3. Por fim, uma reflexão extra-texto: por que razão Deus ou a gente, no mundo fenomênico, criou a dualidade? Se num nível maior somos todos um perante Deus, aliás, somos um COM Deus, porque quando descemos a este mundo existe a bipolaridade: dois sexos, dois pólos, duas caracterísiticas, o bem e o mal, espírito e matéria? Em alguns casos, um complementa o outro, em outros, um anula o outro. Porque será isso? Reflitamos um pouco. Quem souber a resposta, por favor, comente neste blog!

sábado, 21 de agosto de 2010

Viver De Modo Agradável - Manifeste a Mente Verdadeira - Pg. 51

"Ao ler os livros da escritora Aiko Sato, deparo com vários trechos que me fazem sorrir. Ela passou por dois casamentos conturbados, mas nota-se que superou a dolorosa experiência de ter passado duas vezes por uma vida conjugal difícil e pelo sofrimento do divórcio, pois é uma pessoa descontraída e agradável.
Segundo ela, muitas pessoas já lhe disseram que o nome 'Aiko Sato' não é bom e sugeriram mudá-lo. Mas ela diz que não vai mudar de nome, de jeito nenhum. Parece pensar calmamente: 'Já que dizem que o nome 'Aiko' não é bom, quero mantê-lo e verificar até que ponto isso é verdade'.
O rumo de vida de uma pessoa não é determinado pelo seu nome, pela posição de sua casa ou por um acaso. Ninguém deve pensar que se tornou infeliz porque seu nome é ruim. É a mente da própria pessoa que determina o rumo de sua vida.
Pode ser que o destino ruim de uma pessoa apareça no aspecto negativo dos traços fisionômicos, das linhas da palma da mão, do nome etc. Isso porque a pessoa atrai para si coisas que combinam com seu estado mental e as projeta no aspecto físico. Por exemplo, uma pessoa sovina usa roupas modestas porque não quer gastar dinheiro. Com isso, não somente o seu visual, mas também os seus traços fisionômicos revelam a avareza.
Por outro lado, mesmo que essa pessoa apareça com uma roupa luxuosa, não significa que deixou de ser sovina, pois talvez esteja apenas fingindo, usando a roupa de alguém.
Se fosse verdade que a mudança de nome melhora o destino, ninguém precisaria estudar e trabalhar; bastaria mudar de nome para ter um bom destino e levar uma boa vida. É óbvio que isso é uma tolice. Se fosse verdade que a má posição da casa traz a infelicidade, bastaria fazer uma reforma para atrair a felicidade. Será que os estudiosos dos traços fisionômicos, do nome ou das posições das casas são todos sortudos e felizes? Não é bem assim.
Muito tempo atrás, a sra. Aiko Sato consultou um adivinho, e este lhe disse que o sobrenome 'Sato' não era bom e nome 'Aiko' era pior. No entanto, o sobrenome do próprio adivinho era também 'Sato'. Na ocasião, a sra. Aiko Sato lhe perguntou: 'Então, por que o senhor não adotou outro sobrenome?'. Ele respondeu: 'Vivo muito atarefado e não tive tempo de tomar essa providência. 'Em casa de ferreiro, espeto de pau', não é o que dizem?'. De fato, existem muitos médicos que não cuidam da própria saúde, religiosos que não creem em Deus, e assim por diante. Diante disso, as pessoas ficam desorientadas, sem saber em quem confiar.
Mas é desnecessária a preocupação. O destino do ser humano é traçado pela mente. Mudando a mente, tudo muda. A mente verdadeira de todas as pessoas é a mente de Deus. Portanto, leitor, você não precisa se preocupar. O que deve fazer é procurar sempre expressar com naturalidade a mente verdadeira. Originalmente, você é franco, honesto, gentil e afetuoso. Se você manifestar plenamente essa mente verdadeira, com certeza o seu destino mudará para melhor."

Coisa engraçada essa tal de mente... uma das coisas que mais admiro no budismo é o fato de que ele, bem antes do Cristianismo e muito, mas muito tempo antes do advento da psicologia, descobriu essa coisa fugidia e instável chamada mente. Como podemos conceituar a mente? Deixem-me pegar o dicionário para dar uma definição, digamos, lexical...
Nosso bom Silveira Bueno que adorna uma de minhas estantes nos informa que mente é uma "faculdade da alma; espírito; intelecto, disposição; imaginação; intuito; aspecto psicológico das funções biológicas do organismo, segundo Noyes".
Desconheço quem é o senhor Noyes, mas vejo que ele, como todo e bom materialista que se preza, troca o efeito pela causa, atribuindo à mente o papel subsidiário das funções biológicas, ou seja, mente, para esse senhor, seria a consequência das funções biológicas, ou melhor, um aspecto da mesma.
No volume 3 da Verdade, num dos subcapítulos que estudei para uma palestra que dei na Fraternidade do Marcelo, o Mestre critica essa visão materialista de que somos meros agentes de reações bioquímicas cerebrais; a preguiça mo impede de buscar o livro e dar a página, ou seja, vão até o volume e pesquisem... uma dica: é no início do livro.
Falando em conceitos de mente, o mesmo Mestre conceitua num de seus livros, que os amigos que me leem não terão a covardia intelectual de me perguntar qual (embora desconfie que seja no "Comande Sua Vida...") que a mente nada mais é que uma vibração. Ou seja, se somos só mente (perdoem o infame trocadilho cacofático!), descobrimos que somos apenas vibração, e que nosso belo, formoso e pimpão abriga o inabrigável, ou seja, abriga um elemento imaterial, puramente vibratório que vem a ser a mente... engraçado, né? O sólido abriga o etéreo, e esse etéreo é o que existe de verdade, em detrimento da inexistência do sólido... cruzes, há bastante metafísica para tudo, já poemava Fernando Pessoa, e, por mais que custe-me a crer no presente fato, verdade é o materialista Marx também estava certo ao escrever em seu Manifesto Comunista que "tudo o que é sólido se desmancha no ar"... o resto, bem, o resto é gounkaiku, inexistência, vazio...

domingo, 15 de agosto de 2010

O Mundo É Um Espelho - Maktub - 14.08.2010

"Krishna resolveu testar a sabedoria de seus súditos. Convocou o rei Duryodhana, conhecido por sua crueldade, e pediu que encontrasse um homem bom em seu reino. Ele viajou um ano e voltou à presença de Krishna: 'Busquei um homem bom e não encontrei. São todos egoístas e malvados'. Krishna chamou o rei Dhammaraja, considerado santo. Pediu que achasse em seu reino um homem malvado. Dhammaraja viajou dois anos e voltou a Krishna: 'Perdoe-me, mas não encontrei ninguém mau. Todos têm um lado bom'. Krishna comentou: 'Viram? O mundo é um espelho e devolve a todos o reflexo do próprio rosto'.

Este trecho saiu da coluna Maktub, no jornal Extra de 14.08.2010 da autoria do nosso bom e velho e já mencionado Paul Rabbit, ou simplesmente Paulo Coelho para os lusófonos. Qualquer semelhança com o pensamento da SNI será mera coincidência?
Tenho falado em algumas palestras, explicando a Verdade Horizontal (O mundo é projeção dos nossos penssamentos), que nossa relação com o mundo fenomênico nada mais é do que a relação de uma pessoa que entra numa sala de espelhos, daqueles que existem em circos ou museus, acredito. Um espelho você vê distorcido, outro você vê nítido, outros o reflexo é mais baixo, outro é mais alto e por aí vai...
Aí, me vem Lord Krishna, o azulado, dizendo a mesma coisa... será mera coincidência? Mistério...

Viver de Modo Agradável - Mudança de Aparência - Pg. 47

"Não existem pessoas totalmente seguras quanto à própria aparência. Todas descobrem algum 'defeito' em si mesmas e se penam na tentativa de disfarçá-lo. E, muitas vezes, as pessoas que andam com um visual extravagante não possuem beleza natural. Elas tentam parecer bonitas 'camuflando' a aparência original.
O desejo de se tornar belo, em si, não é algo errado. Graças a esse desejo da maioria das pessoas, as técnicas de maquiagem evoluíram e, certamente, seguirão evoluindo cada vez mais. Entretanto, é preciso deixar claro que o verdadeiro embelezamento consiste em 'reparar e melhorar a base'. É muito limitada a contribuição dos truques de 'camuflagem', tais como tintura de cabelo, penteados, aspecto da barba etc.
Mas a maioria das pessoas se empenha em 'camuflagens' esquecendo-se de efetuar o 'reparo da base', que é o mais importante. Considero isso um fenômeno estranho. É possível 'reparar a base', mesmo sem recorrer ao procedimento um tanto arriscado como a cirurgia plástica. Existe um meio mais seguro e agradável para melhorar a aparência.
O princípio básico é muito simples e pode ser assim expresso: 'A mente transforma o corpo'. Isso significa que, aprimorando a mente e cultivando a beleza interior, pode-se promover a beleza física. Pessoas bondosas, afáveis e risonhas têm uma beleza peculiar, independentemente dos seus traços fisionômicos. Quanto a pessoas irascíveis, rabugentas, traiçoeiras etc., têm uma fisionomia bastante desagradável.
Certa vez, por ocasião da campanha para as eleições de membros da Câmara Alta assisti a um programa de TV que contou com a participação dos líderes de diversos partidos políticos. Observando a fisionomia de todos, simpatizei particularmente com um deles. Ao falar dos seus esforços em fazer uma boa política para o bem-estar da população, seu rosto se iluminava, e sua expressão radiante o fazia parecer mais bem-apessoado.
Mas, quando o programa passou para a etapa de debates entre os representantes dos partidos políticos, essa pessoa começou a atacar abertamente o regime imperial e a criticar o Hino Nacional, e então a sua fisionomia se tornou hostil e feroz como a de um lobo faminto.
Como se pode perceber, a mente tem o poder de mudar o aspecto físico, e esse fato se verifica em todos, sejam homens, mulheres, velhos ou jovens. Portanto, para melhorar a aparência, precisamos nos empenhar em mudá-la pelo poder da mente, em vez de disfarçar as falhas e os defeitos.
Para isso, é preciso, antes de mais nada, cultivar o amor e a bondade. Enquanto estivermos remoendo ódios e ressentimentos, nenhuma 'camuflagem' servirá para melhorar a nossa aparência. Quando alguém passa a ter uma mente agressiva e ferina, como aconteceu com o aludido político, imediatamente a sua fisionomia se torna feroz, e de nada adiantará proferir um belo discurso.
Desde antigamente, fala-se muito em boa ou má fisionomia do ponto de vista do estudo fisiognômico. Mas a fisionomia não é algo fixo e pode ser mudada conforme a mente. Quem vive com disposição mental afável e bondosa passa a ter, com certeza, uma fisionomia agradável. Nem as mais dispendiosas fórmulas de beleza tornam o rosto de uma pessoa mais bonito e luminoso do que o de um filho amoroso que sorri, com carinho, para a mãe idosa."

Bom, post com clima de dejà-vu, ou seja, já estudamos este assunto em outros livrinhos e em outros capítulos, mas sempre é bom dar uma recapitulada básica...
Verdade da Vida vol. 1: O Mestre disseca as três formas de pensamento, a saber, pensamento propriamente dito, palavras e expressão fisionômica. Este post trata especificamente desta última...
E, como forma exterior de pensamento, uma mudança interior é necessária, ou seja, bons pensamentos e boas palavras alteram naturalmente a expressão fisionômica e, via de consequência, melhoram o destino. O Mestre até cita alguns curiosos provérbios nipônicos com conteúdo semelhante, como "Marimbondo pica o rosto de quem chora". Isso é verdade. Mas, se alguém chora, é em consequência de algo primitivo, afinal de contas, não nos esqueçamos que este é um mundo consequencial e, como tal, a aparência fisionômica, por ser fenomênica, também é consequência, e não causa, de nossa felicidade ou infelicidade. Meditemos um pouco sobre isso...

sábado, 14 de agosto de 2010

Viver de Modo Agradável - Esta Vida É Moldada Pela Mente - Pg. 43

"No mundo democrático e livre, circula uma enorme variedade de publicações. As ideologias e as religiões também são totalmente livres. Nessa circunstância, a população recebe, pelo poder das palavra, a influência das mais variadas ideologias e de diversos modos de pensar que se propagam neste mundo. Estão à disposição de qualquer pessoa vídeos de origem suspeita, e as revistas publicam uma profusão de fotografias de natureza erótica.
Quando as pessoas ficam à mercê do poder das palavras que chegam de todos os lados, acabam se sentindo desorientadas e não sabem o que aprender, em que acreditar e o que observar. Assim, muitas pessoas são atraídas pelas coisas mais excitantes, fáceis de conseguir e de baixo custo, e acabam sendo influenciadas por elas.
Nessa situação, é de suma importância que as pessoas se esforcem em ouvir a 'voz verdadeira' que soa no âmago de todo ser humano, em vez de se deixarem levar pelos desejos.
Os desejos são componentes do corpo carnal, assim como os softwares são componentes do computador, e têm como finalidade propiciar a preservação e o desenvolvimento do corpo e também a procriação. Não confundamos o desejo com o verdadeiro anseio da alma. Não nos deixemos levar pelo desejo, pensando somente em satisfazê-lo. É preciso fazer com que o verdadeiro anseio da alma controle e domine os desejos.
Por mais que busquemos a satisfação dos desejos, isso não nos levará a vivenciar a verdadeira alegria. Quantas são as pessoas que, entregando-se aos prazeres mundanos e às vontades egoísticas, chegaram a uma situação difícil, prejudicaram a saúde e fracassaram na vida!
Ao conhecermos o ensinamento de que 'o verdadeiro ser humano não é o corpo carnal, e sim a natureza divina, o ser autônomo que usa o corpo carnal como instrumento para realizar seus propósitos', passamos a prestar atenção à voz da nossa natureza divina e empenhamo-nos em manifestar cada vez mais o nosso Eu verdadeiro.
Assim, deixamos de ser arrastados pelos desejos e passamos a agir de acordo com sentimentos corretos tais como amor, senso de justiça, espírito de gratidão etc., procurando expressar cada vez mais o verdadeiro anseio da alma. Em outras palavras, procuramos revelar a beleza espiritual, oculta por trás da superficial beleza sensorial. Efetuando treinamento nesse sentido, percebemos que se revelam cada vez mais claramente o verdadeiro anseio de nossa alma, o belo, a verdade e o bem inerentes a nossa natureza divina. Em consequência, descortinamos uma vida realmente digna de filhos de Deus.
A alegria de exteriorizar a natureza divina é uma infinita exultação da alma. Ao contrário dos prazeres mundanos, que são efêmeros e acabam causando a ruína do corpo, o regozijo da alma é eterno; e, quanto mais exteriorizarmos a nossa natureza divina na vida cotidiana, mais alegria proporcionamos à nossa alma. O nosso viver se torna infinitamente radioso e vibrante, cheio de emoções. A prática espiritual para exteriorizar a natureza divina é muito mais prazerosa do que o uso de estimulantes.
O regozijo da alma jamais diminui, amplia-se infinitamente extinguindo as dificuldades e os obstáculos aparentemente intransponíveis. Esta vida não é algo fixo e imutável; na verdade, é simples 'projeção' da mente e, portanto, podemos moldá-la livremente."

Se não me falha a memória, na Introdução do Livro dos Jovens o Mestre Masaharu Taniguchi nos fala da voz interna, da nossa consciência. Pois bem, este capítulo nos fala exatamente desta voz.
Lembro-me também da introdução (prefácio) do outro livrinho que estudamos, acho que "O Modo Feliz de Viver" em que o professor Seicho nos informa que a verdadeira alegria é a espiritual.
E hoje, lendo o volume 8 da Verdade, para minha próxima palestra, deparei-me com uma expressão assaz aparentemente contraditória do Mestre, ao nos dizer que a verdadeira alegria que temos de sentir é a "alegria séria" e não a frívola.
E que alegria séria seria essa? A alegria do espírito. Leiamos de novo o capítulo: a prática espiritual para exteriorizar a natureza divina é muito mais prazerosa do que o uso de estimulantes. Entretanto, poucos sabem disso, e porque?
Acredito (é só palpite, estou no achômetro) que seja por um pequeno detalhe: o caminho espiritual está na vida cotidiana. Não está nos retiros espirituais, nas idas a Ibiúna (embora, confesse, estou com uma saudade danada de ir para lá...). Está no cotidiano, no dia a dia, no seikatsu japonês. E muito pouco percebemos esta verdadeira dimensão da religiosidade, na prática diária. E, por isso, acabamos nos conformando à mera ritualística dogmática das missas, cultos, reuniões em apenas um dia específico na semana, e imaginamos que lá, e apenas lá, seremos religiosos e pios, achando que para Deus nossa presença lhe bastaria para dar as benesses do restante da semana nossa de cada dia...
Impio engano, caros leitores. Pouco se dá para Deus o fato de irmos ou não a tais lugares. Reuniões de tal natureza servem apenas como lembretes de nossa verdadeira natureza espiritual, senão vejamos: o católico não se sente mais católico ao tomar parte na eucaristia, quando ele se vê simbolicamente como um dos doze apóstolos sentados na fatídica sexta-feira, 12 de Nisã pelo calendário judaico? Apenas exemplifico isso, para não me alongar nas preces budistas, orações muçulmanas (estes sim, lembram-se de Deus cinco vezes AO DIA!) e tutti quanti?
Na-na-ni-na-não! Religião, como ensina o zen, é cotidiano, é dia a dia, é pegar sua tigela após a refeição e lavar. Em outras palavras, é ter a consciência plena de Deus em tudo o que fazes, pois tudo o que fazes não és tu o autor, e sim, Deus. Duvidas disso? Então recites o Canto Evocativo de Deus, torii para o Shinsokan, e depois me diga se estou ou não certo!

domingo, 8 de agosto de 2010

Preceito do Dia 8 - Visualize A Si Mesmo Como "Realidade Espiritual"

"Aquele que pensa ser o homem uma simples 'existência carnal' é um indivíduo mediano; como a sua mente não consegue ultrapassar o limite da mediocridade, ele não consegue sobressair acima do nível dos homens comuns. Assim, essas pessoas não têm outra alternativa senão ficar mofando na camada inferior da sociedade. Numa comparação com o elenco do teatro, elas seriam aquelas pessoas cujos nomes estão incluídos entre 'e outros', permanecendo desconhecidas pelo público. Portanto, se você deseja sobressair acima do nível comum, não deve pensar que o homem é uma simples 'existência carnal', mas sim conscientizar-se de que ele é a suprema autorrealização de Deus. Não deve julgar-se uma existência material com capacidade limitada, mas ter a convicção de que é uma existência espiritual, possuidora de capacidade ilimitada.
O homem age de acordo com a sua convicção, e esta é como a potência do motor de um automóvel. Aquele cuja convicção é fraca, não consegue carregar muito peso nem subir um aclive muito forte. Você deve praticar diariamente a Meditação Shinsokan para aprofundar mais e mais a convicção de que é Filho de Deus e elevar a si mesmo."

Volta o Mestre mais uma vez a bater no tema da autoconfiança, em confiar no seu próprio taco. Isto é interessante, até mesmo pelo fato do nosso hardware (cérebro) receber vários softwares (sugestões) de caráter duvidoso, como "você é incapaz", "você não pode", "você fez errado" etc e etc. E cabe a nós aceitar ou não tais programações. Dependendo da intensidade e da frequência das mesmas, acabamos, mesmo que inconscientemente, adotando alguns desses "lemas" como verdades em nossa vida, e aí é que mora o perigo e aí é que mora a oportunidade de você entrar em contato, o mais frequente e repetitivo possível, com o pensamento iluminador da Seicho-No-Ie, da qual este trecho é apenas um pequeno, mas incisivo exemplo.

Viver De Modo Agradável - Grandiosa Jornada Da Vida - Pg. 39

"O ser humano não é corpo carnal; não é um ser imperfeito, frágil e efêmero, fadado a morrer a voltar ao pó da terra ou ser reduzido a cinzas. Na essência, é um ser maravilhoso, dotado de infinitas qualidades. Se o ser humano fosse mero corpo carnal, qual seria a finalidade de as pessoas nascerem neste mundo? De que adiantaria trabalhar com afinco e acumular bens, se o nosso destino final fosse voltar ao pó da terra ou ser reduzido a cinzas?
Talvez alguém diga: 'Mas, já que os bens e os empreendimentos podem ser herdados pelos filhos, netos ou outros sucessores, os esforços da pessoa terão sido válidos até certo ponto'. Mas, mesmo que os herdeiros levem avante os empreendimentos, isso não seria relevante para a própria pessoa, se ela acabasse reduzida a um punhado de terra ou cinzas. O pensamento de que 'todos somos úteis' parte da premissa de que existe desde o princípio alguém que, com uma visão de grande alcance, observa de fora os sucessivos nascimentos e mortes das pessoas. Se o ser humano fosse mero corpo carnal que acaba sendo reduzido a um punhado de terra ou cinzas, a sua existência seria muito breve e, portanto, não seria possível concluir que 'foi útil'.
Se existe alguém que observa a contínua sucessão de nascimentos e mortes de pessoas e pensa que todas são úteis e têm valor, esse alguém só pode ser a Vida imortal, a essência do ser humano. Se o ser humano fosse mero corpo físico que morre e é reduzido em pó da terra ou em cinzas, não teria a capacidade de ter esse pensamento.
Tudo que é valioso não desaparece com o passar do tempo. Objetos de diamante, ouro etc. são valiosos porque não se desfazem e desaparecem com o decorrer do tempo. Já as esculturas de gelo, que as pessoas fazem durante o Festival de Inverno, não são valiosas por mais belas que sejam, porque se derretem e desaparecem em pouco tempo.
O próprio ser humano não teria praticamente nenhum valor se fosse mero corpo carnal. É mais fácil colocar preço nos corpos de porcos, bois etc. do que no corpo humano, que não serve para o consumo e que não tem nenhum valor.
É inconcebível que esse algo sem valor seja o verdadeiro ser humano. Sabemos que, na essência, somos seres valiosos, e por isso ansiamos levar uma existência valiosa, ter vida longa e fazer o possível para manifestar a Vida eterna. As pessoas buscam Deus eterno, Buda imortal etc. porque esse é o desejo que vem da natureza eterna do ser humano. Não é uma busca baseada em mera ilusão, capricho ou vontade do 'eu fenomênico'.
Quando despertamos para a perfeição original do ser humano, ou seja, para a Imagem Verdadeira, sentimo-nos repletos de alegria e gratidão e conseguimos trabalhar com entusiasmo e prazer. Consequentemente, obtemos êxito no trabalho, tudo corre bem em nossa vida e levamos uma vida cheia de vivacidade e emoção. Cercados de filhos e netos, podemos desfrutar de saúde física e ter vida longa.
Mas todo ser humano enfrenta, um dia, a morte física; e, após algum tempo, torna a nascer com forma humana para manifestar melhor do que na vida anterior a sua natureza original de filho de Deus. Passamos por esse processo repetidas vezes até manifestarmos plenamente a perfeição da nossa Imagem Verdadeira."

... e é por isso, apenas por isso que nós estamos no Lar do Progredir Infinito. O professor Seicho bem poderia concluir a frase acima com o meu arremate inicial.
Povo do meu blog, o que é a nossa vida? É um período determinado de tempo em que, estando encarnados, aprendemos determinadas lições, essencialmente morais e espirituais para que, quando retornemos ao mundo espiritual, consigamos pegar o nosso boletim e ver o quanto aprendemos na matemática do amor, no vernáculo da sabedoria, na língua estrangeira da tolerância, na educação física da inexistência do corpo carnal etc, etc, etc. A partir da análise do nosso boletim, alcançamos um determinado grau de espiritualidade que nos permite ir a uma determinada classe, com um determinado perfil de colegas etc e tal.
Não li, mas esta deve ser a argumentação do professor Seicho no seu livro A Escola da Vida é Maravilhosa. Estamos aqui para progredir. Aliás, só vamos progredir. A regressão não existe, muito embora o Mestre, em algum canto obscuro de seus Mistérios da Vida, tratando de reencarnação, não dá uma resposta definitiva, creio eu, se possamos voltar como animais ou não em futuras vidas. Algumas crenças acreditam que sim, mas acho que não. Nossa ideia origem (ri-nen no original, leia as Preleções sobre a Sutra Sagrada e mesmo os Mistérios da Vida, que também tratam disso), não deixam margem a outras interpretações: viemos como seres humanos, evoluiremos como tal. Simples assim...

Sumido, De Novo???

Não, não, não, caros leitores! Meu computador não deu pau de novo! O providencial sumiço deste blogueiro que vos digita se deve simplesmente à falta de fôlego de atualizar no mínimo dois posts diários aqui, que me consome cerca de uma hora diária.
E, quando te resta apenas umas poucas horas noturnas com a concorrência de programas interessantes, fica difícil resistir. Mas, o estudo do nosso livrinho continua, bem como o estudo dos preceitos diários, mas, neste caso, apenas referente ao dia em que entrarei aqui.
Por favor, não reclamem: os blogs que eu sigo, na maioria de SNI, não apresentam um ritmo tão frenético de atualizações, sendo que em julho deste ano realmente lavei a equina: uma média invejável de quase três posts diários, o que pode levantar suspeitas em leitores mais circunspectos sobre a verdadeira ocupação deste que vos tecla...
Bom, feitas as explicações, deixemos, assim, os prolegômenos e vamos-nos, sem demora, aos paralipômenos!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Preceito do Dia 3 - O Seu Desejo Já Está Realizado

"Para o 'Filho de Deus' é impossível existir complexo de inferioridade. Abandone a ideia de que você é imprestável, inepto ou incapaz. Tal ideia nada mais é que produto do pessimismo da época em que você ainda não tinha convicção de ser 'Filho de Deus'. Você deve tomar a consciência de que possui em seu interior uma força capaz de dominar quaisquer situações e que basta 'abrir a saída' para que essa força sai jorrando do seu interior. Você pode extrair do seu interior, na medida da necessidade, a sabedoria necessária para concretizar o seu ideal.
Elimine da sua mente o pensamento de que existe um fantasma chamado 'frustração'. É impossível que o homem, que é originariamente 'Filho de Deus', sinta-se frustrado. O que você deseja já existe e está realizado no Mundo da Imagem Verdadeira. E justamente porque já existe, ele vem à tona da sua mente como 'ideal' ou 'desejo'. E para concretizar esse desejo, basta transportar ao 'mundo da manifestação' aquilo que já existe no 'Mundo da Existência Verdadeira'".

Bom, somos filhos de Deus e temos dentro de nós a chave para o sucesso. Agora que renascemos para esta verdade, o que nos seria necessário? Abandonar os padrões antigos de pensamento. E o que significa isso, de acordo com o trecho estudado?
Basicamente é o seguinte: sempre pensamos de maneira dualista, ou seja, a relação sujeito-objeto. Exemplificando mais concretamente ainda: eu desejo um livro. Eu (sujeito) vai a procura de um livro (objeto). Repararam como um está destacado do outro?
O pensamento da SNI, ao contrário, é monista, ou seja, dissolveu-se a relação sujeito-objeto, porque o objeto está dentro do sujeito. No exemplo do nosso livro: o livro, por existir dentro de mim, por eu desde já reconhecer a minha posse perante um exemplar do mesmo, vem a mim de forma absolutamente natural.
Simples assim, não? Pois é exatamente dentro dessa simplicidade que funciona o princípio da oração da SNI, e não só apenas em relação ao livro, mas em relação a tudo.
Quero me curar de uma determinada doença. Se eu reconhecer a doença dentro de mim, ela persistirá. Mas se eu reconhecer a saúde inata dentro de mim, a doença, que é projeção do nada, vai se dissolver. Não tem como não ser assim.
Quero achar minha metade da alma (um exemplo, tá, Amor?). Prestem atenção nas entrelinhas da oração para a metade da alma: "...Bem no íntimo da minha alma, eu sei onde essa pessoa se encontra nesse momento. Onde quer que ela se encontre, a força magnética do amor fará com que nos aproximemos infalivelmente, e então se dará uma união harmoniosa e abençoada por todos...".
Sacaram, neófitos? Dentro de mim eu sei onde está a metade da alma, e ela vai se encontrar comigo. Esta é a Lei, e não tem como falhar. Como a metade da alma, assim é com a saúde, com o livro, e tutti quanti.
Então é isso: Nossos desejos já estão realizados porque eles já estão dentro de nós. A nós, só cabe reconhecer (ou seja, visualizar) e agradecer (ou seja, sentir como algo bom em nossa vida). O resto deixa por conta da lei da atração, como diriam os leitores de "O Segredo"...


Viver De Modo Agradável - O Drama da Vida - Pg. 35

"O ser humano traça o rumo de sua vida como se cria o enredo de uma novela. Toda novela é criada na mente do autor e se desenrola de acordo com o enredo. De modo análogo, cada pessoa determina o rumo de sua vida de acordo com o 'enredo' que ela própria cria em sua mente. No entanto, muitas pessoas pensam que o rumo de sua vida neste mundo não tem nenhuma relação com a sua mente e que seus pais as colocaram neste mundo arbitrariamente.
Mas esse modo de pensar também é um 'enredo', e quem o escreve cria para si um drama da vida no qual parece que tudo lhe é imposto pelos pais e outras pessoas ao redor e que ele leva uma existência comparável à de um escravo. Essa pessoa precisa abandonar de uma vez por todas essa visão equivocada a respeito da vida e passar a ter a convicção: 'Sou filha de Deus, dona de minha própria vida'. Assim, esse 'enredo' se desenrolará em sua vida.
Talvez ela argumente: 'Mas o fato é que meus pais me geraram por vontade deles. Não fui eu que os escolhi'. Quem faz tal afirmação desconhece o segredo do nascimento de uma alma neste mundo. O ser humano não é corpo carnal. O corpo carnal é uma espécie de montaria da alma. Cada pessoa criou a própria 'montaria' pedindo emprestados os componentes físicos dos pais e veio a este mundo com essa 'montaria'. O que determina quem serão os pais de uma pessoa neste mundo são os carmas de ambas as partes, isto é, os atos praticados nas vidas passadas.
E isso se deve ao princípio segundo o qual 'atraem-se mutuamente as almas que carregam carmas semelhantes'. Assim, as almas daqueles que serão os pais e a alma daquele que será o filho se atraem e, como resultado, uma criança nasce no lar de um casal. Portanto, a verdade é que cada parte escolheu a outra, ou seja, as almas dos pais escolheram a alma do filho, e, ao mesmo tempo, a alma do filho escolheu as almas dos pais. Por isso, o filho não é uma 'vítima' nem uma 'criatura passiva', gerada arbitrariamente pelos pais.
A atração mútua dae almas com carmas semelhantes ocorre também entre um homem e uma mulher que se conhecem, se amam e se casam. Mesmo que cada um pareça ter o seu modo de ser, na verdade eles têm carmas para se tornarem marido e mulher, possuem almas semelhantes e a mesma natureza. Por isso, se unem e formam uma família. Se um homem e uma mulher não têm carmas semelhantes, não se unirão em matrimônio para constituir uma família mesmo que mantenham relações carnais durante um período de tempo. O relacionamento deles será superficial e passageiro.
Falei em carmas que propiciam a união entre determinadas pessoas. Mas o que são carma? Carmas são acúmulos dos efeitos de atos praticados; e todos os atos têm como origem o 'enredo' delineado pela mente. Isso significa que do balanço geral dos pensamentos que a pessoa teve no passado surgem os carmas positivos ou negativos, que determinam o rumo de sua vida. Por isso, podemos dizer que o ser humano cria com a mente o seu próprio destino. Desde o nascimento até a morte, e, também na vida logo depois desta e outras posteriores, o ser humano cria com a mente, de modo contínuo, o drama da vida.
Todas as pessoas são protagonistas do seu drama da vida e criam o próprio destino. Bom ou mau estado de saúde, êxito ou fracasso nos empreendimentos, enfim, todas as situações são partes do sucessivo drama da vida que as pessoas criam sob sua própria responsabilidade. O sentido desta vida está em fazer desse grandioso drama uma sequência de cenas de prosperidade, alegria, harmonia e paz, e não de cenas trágicas."

Belo capítulo este;belíssimo, aliás. Passeamos por vários temas interessantes, como a comparação da vida como uma novela, o fato de escolhermos nossos pais e uma pequena e ilustrativa aula sobre o carma. E tudo isso para mostrar o chamado drama da vida, isto é, todo o desenrolar de eventos a que chamamos de vida.
E o que é a vida? Falo de nossa vida cotidiana, como podemos conceituá-la? Um período pré-determinado de tempo no qual existimos neste plano, consciente ou inconscientemente? O que contém a vida? A prosperidade, alegria, harmonia e paz, como informa a última frase do capítulo, ou, como o mesmo período informa, cenas trágicas?
A resposta, caríssimos, está em nós mesmos. A vida é como se fosse um belo e grandioso caderno pautado sem nada escrito. A caneta nos foi dada, falta-nos a escrita. O que escreveremos nela? Qual a cor da tinta da caneta que escreveremos em nosso Caderno da Vida?
Talvez o professor tenha se esquecido de um pequeno detalhe que certamente ele se lembraria acaso ele acrescentasse um ou dois parágrafos a mais em seu capítulo: o chamado livre arbítrio. Sim, porque não podemos mencionar algo como "o drama da vida" sem mencionarmos decentemente o chamado 'livre arbítrio".
Um dos meus primeiros professores na faculdade, Prof. Márcio Schüler, de Economia Política, era metido a filosofar, e, confesso, graças a ele comecei a gostar de Filosofia, assunto antes relegado a quase nada em minha vida. Pois bem, ele uma vez dando aula para nós, disse algo assaz curioso: que a expressão "livre arbítrio" em si é contraditória; que o "arbítrio" em si nunca é livre, sempre é determinado. Caso ele esteja certo, por quem ou qual coisa estaria ele determinado? Questão para pensarmos até o próximo capítulo do livrinho...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Preceito do Dia 2 - Extrair A Força Alojada Em Nosso Interior

"No homem, que é ´Filho de Deus', está alojada uma força infinita. Aloja-se no seu interior a força do Universo, que realiza novas criações e se expande infinitamente. Por isso, dentro de você não pode existir nenhuma força negativa que impeça essa expansão e criação. Você deve aceitar docilmente a Verdade e permitir a exteriorização total dessa força existente no seu interior. Dentro de você existe a força capaz de expressar a perfeição de Deus, bem mais perfeitamente que na situação atual. Utilizando essa força, você poderá desenvolver-se e tornar feliz a humanidade.
Essa força interna aumentará quanto mais a extrairmos, da mesma forma como a água do poço manará mais abundamentemente quanto mais a tirarmos, pois o poço está ligado ao inesgotável lençol subterrâneo. Por melhor que seja o poço, se não o utilizarmos e o deixarmos abandonado, a água acabará se estragando, ficando infestada de germes e insetos.
A capacidade que existe em nosso interior aumentará, se a utilizarmos para o bem da humanidade, consequentemente, a felicidade não apenas para nós próprios, mas também para a humanidade. O amor aumenta quanto mais nós o exteriorizarmos, e a capacidade se desenvolve quanto mais nós a utilizamos"

E então? Continuando o raciocínio do preceito passado, se nós somos filhos de Deus, se, nessa qualidade, somos herdeiros de todos os seus predicados, a nós só basta uma coisa para provarmos nossa filiação: arregaçarmos as mangas e trabalhar, certo? E para isso, nada melhor do que algo chamado "exteriorização da nossa natureza divina". Sim, porque no momento em que nos conscientizamos de que somos Seus filhos e passamos a agir como tais, as coisas passam a fluir e a vir para nós de maneira natural. Lembrai-vos da Segunda Norma Fundamental: Conservar Sempre o Sentimento Natural, que, aliás, é o mote do livrinho que estamos estudando nesta quinzena...
Assim, tal qual um balde buscando água num poço inesgotável, assim somos nós buscando, por exemplo, boas ideias no mundo da Imagem Verdadeira, onde tudo é belo, bom e infinito. Elas estão ali, prontas para serem usadas. Basta nós querermos!

Viver de Modo Agradável - A Força Criativa do Japão - Pg. 31

"Existe no Japão um antigo ditado do seguinte teor: 'Se tem pressa, vá com calma'. É uma advertência de que, quando escolhemos um caminho mais curto na ânsia de chegar logo ao destino, deparamos com obstáculos inesperados e acabamos sofrendo uma grande demora em chegar ao objetivo. No mundo atual, existem muitas pessoas que acabam sofrendo um grande fracasso na vida por fazer uma administração inadequada ou fraudulenta na ânsia de lucrar muito em pouco tempo.
O atual desenvolvimento econômico do Japão não resultou da ânsia e pressa em obter o superávit, e sim do perseverante esforço em aumentar um pouco a poupança todos os anos. Também no tocante à educação escolar do povo, já no tempo dos antigos governos feudais teve início em várias localidades o curso fundamental ministrado em templos budistas, e o esforço pela educação foi constante ao longo dos anos. Como resultado, o país alcançou o alto nível educacional que apresenta atualmente. Entrentanto, não se pode negar que alguns erros foram cometidos. Por exemplo, na pressa de alcançar o nível de vários países estrangeiros, muitas escolas imitaram o sistema educacional deles, negligenciando os estudos e os aprendizados fundamentais para o nosso povo. Em outras palavras, buscavam apenas os resultados, sem se preocupar com os meios.
De agora em diante, é preciso observar mais atentamente a natureza básica do ser humano, promover em todas as camadas sociais a correta compreensão do que é o ser humano, estimular a criatividade e fazer surgir novas ideias. Pode ser que imitar a técnica desenvolvida por um país estrangeiro e fabricar produtos melhores seja um meio rápido de impulsionar a industrialização. Mas, quando faltam estudos e pesquisas fundamentais, é difícil desbravar corajosamente novas áreas.
Daqui para a frente, será imprescindível que o nosso país explore novas áreas. Será necessário fazer novas descobertas, realizar novos inventos e também liderar os estudos e as práticas no âmbito da filosofia e da religião. Em vez de apenas seguir os passos de algum país, é preciso criar algo inédito, difícil de ser imitado por outros países. Para isso, é essencial que nós, o povo japonês, tenhamos a convicção de que essa capacidade existe em nosso interior. Evidentemente, a maioria das coisas do nosso país não foi imitação de outros países. Criamos o nosso próprio idioma - a língua japonesa - com combinações adequadas das vogais e das consoantes. Alguns estrangeiros dizem que lhes agradam os sons da pronúncia da nossa língua. Criamos também a nossa culinária peculiar, bem como tatame, portas e janelas corrediças feitas de papel e diversos outros itens do mobiliário.
Porém, a mais notável criatividade do Japão está em sua estrutura, que tem como figura central o imperador, sucessor de uma dinastia ininterrupta. Isso simboliza a eternidade. Foram manifestadas concretamente na estrutura da nação as principais características do mundo da Existência Verdadeira, o mundo-origem, que são a convergência para o centro e a indestrutibilidade. Assim, formou-se uma das nações mais estáveis do mundo.
Esperamos que, também no futuro, nosso país siga manifestando a criatividade e a capacidade de ação em todas as áreas de atividade e se revele como uma nação com grande desenvolvimento moral e repleta de força divina. Para isso, é essencial que a maioria das pessoas se conscientize da própria natureza divina e a manifeste constantemente na vida cotidiana."

Ok, ok, eu confesso que este capítulo deve interessar nada, ou, para ser bem, mais bem generoso mesmo, muito pouca coisa ao caro leitor deste blog. E, mesmo assim, este é um fato a ser louvado, porque significa que a SNI se abrasileirou, e a sua doutrina não é algo de posse de um determinado povo ou de uma determinada etnia. Quem estudou a história da SNI sabe que até a década de 70 ela era eminentemente uma religião de tradição japonesa, hoje ela se abrasileirou tanto, mas tanto, que na minha Regional, RJ-Niterói, não existe um japonês sequer, e, para não dizer que não há japoneses aqui, posso citar, como exemplo único, a esposa do divulgador Marcelo, presidente da Fraternidade Icaraí. E só. Isso mostra a grandiosidade do povo japonês, que, na sua mais que centenária história no Brasil, soube conhecer tão bem, pelo menos a nível espiritual, as necessidades do povo brasileiro. Banzai, Nippon!

domingo, 1 de agosto de 2010

Preceito do Dia 1 - Avancemos, Mantendo um Sonho Elevado

"Após tornarmos a consciência do fato de que o homem é 'Filho de Deus' que possui dentro de si a infinita força criadora, devemos dar mais um passo e tomar a iniciativa para manifestar objetivamente essa força infinita. Deixando abandonado, até um brilhante ficará coberto de poeira e perderá o brilho. Sonhemos um sonho elevado e um ideal grandioso. A concretização desse sonho trará felicidade a toda a humanidade. Avancemos, pois, sem hesitação, desenhando na mente um brilhante futuro"

Começamos hoje a serie "Preceitos Diários" do Mundo Ideal do mês de agosto de 2010. Sob o título geral de "Nós, como autorrealização de Deus", o que se pretende é o estudo das páginas 49 a 69 do volume I do livro "Vivendo Com Plena Liberdade", novamente com trinta preceitos. Na sua revista você encontrará esta matéria entre as páginas 6 a 16. Vamos lá comentar este trecho então?
Somos filhos de Deus. Puxa, que bom, que beleza, que maraviha! Agora, me sinto bem melhor! Cacilda, eu sou filho de Deus! Sou herdeiro de tudo de bom que existe no mundo! Sou herdeiro de Sua sabedoria, Seu amor, Sua vida, Sua Provisão, Sua alegria e Sua Harmonia! Gente, não me contenho de tanta emoção! Eu sou filho de Deus! Eu amo meus pais, amo meus amigos, meus vizinhos, amo todo mundo lá da AL, e, veja você, consigo amar até aquelas pessoas que não me dava bem! Todos aqui são maravilhosos! Veja o mundo lá fora! Que maravilha! Tudo parece ser manifestação de Deus! Olha o dia como está ensolarado lá fora! Cara, não me contenho de tanta alegria! Eu sou filho de Deus!
Legal, né? Mas como diria Raul Seixas em "Ouro de Tolo": "... mas agora eu me pergunto e daí? Eu tenho uma porção de coisas grandes para conquistar e eu não posso ficar aqui parado..."
Sacaram? Para quem não gosta do mundano Raulzito, talvez a comportada e bíblica admoestação de São Tiago possa valer do mesmo jeito: "A fé sem obras é morta".
Ainda não captaram, neófitos? Então tentarei ser um pouco mais claro: vocês acham que este mundo fenomênico é uma colônia de férias do mundo espiritual? Nada disso, tivemos o nosso primeiro despertar, que é a conscientização de sermos Filhos de Deus. Agora, é arregaçar as mangas e trabalhar, trabalhar mesmo, para transformar este mundo no mais possível lar de nosso Pai, o lar do progredir infinito, nossa Seicho-No-Ie.
Se podemos isso? Claro que sim, afinal, puxa, que maravilha, não somos Filhos de Deus?

Viver De Modo Agradável - A "Escada Rolante De Deus" - Pg. 17

"Muitos anos atrás, vi na TV uma apresentação do jovem guitarrista K. Yamashita, então com 16 anos de idade. Ele é um jovem de grande talento que, no tempo de estudante do ensino secundário na cidade de Nagasaki, participou de três concursos internacionais de guitarra, realizados na França, na Itália e na Espanha e conquistou o primeiro lugar em todos. Tendo como fundo a orquestra, o jovem executava muito bem as peças musicais difíceis, com sua pequena guitarra clássica, o que encantava e emocionava a plateia.
Na entrevista, o jovem Yamashita disse que, após voltar da escola, passava o resto do dia tocando guitarra. Alguém lhe perguntou se não estudava em casa, e ele respondeu que conseguia memorizar tudo durante as aulas. Naquele momento, imaginei como seria a mãe desse jovem, e pensei: 'Com que postura mental ela veio acompanhando o desenvolvimento desse filho?'.
De modo geral, as mães que têm filhos dessa faixa etária se preocupam muito com o desempenho escolar deles e vivem dizendo: 'Filho, você precisa estudar mais'. Mas a situação na casa do jovem Yamashita era diferente. Desde o tempo em que cursava o ensino fundamental, ele se dedicava completamente ao treino da guitarra, e isso mostra que os pais eram muito compreensivos. Caso contrário, eles não teriam sido capazes de fazer com que o filho exteriorizasse, de modo tão espetacular, o seu talento.
Cada pessoa tem uma missão e um dom peculiar. Por isso, não é possível educar as pessoas colocando todas dentro de um mesmo molde. Pode parecer que tudo estará bem se os jovens frequentarem renomadas escolas de ensino médio e entrarem em boas faculdades, mas nem sempre isso é motivo de comemoração. Existem casos tristes de jovens que, estudando com afinco, conseguiram cursar uma boa escola de ensino médio e entraram numa faculdade renomada, mas acabaram entrando num grupo de extremistas ou se envolveram em casos de violência estudantil e foram moertos a socos e pontapés. Que pensamentos terão passado na mente das mães desses jovens?
Um filme que passou na TV há algum tempo mostrava o drama de um jovem que, tendo sido brutalmente agredido numa briga entre grupos rivais, ficou em estado vegetativo.
Como terá sido a reação das mães que passaram por dramas como esse? Será que se resignaram, pensando: 'Isso foi uma fatalidade. Pelo menos, meu filho havia conseguido entrar nessa faculdade renomada.'? Ou será que, tomadas de angústia, pensaram: 'Se ele não tivesse entrado nessa faculdade...'? Devemos estar cientes de que não existem trajetórias que sejam realmente seguras. A única trajetória para a felicidade e o êxito é tomar a 'escada rolante de Deus'.
Essa 'escada rolante' não tem relação com o sistema educacional vigente nem com a oferta de bolsas de estudo. Ainda que um jovem talentoso seja premiado num concurso internacional, isso não é suficiente. Para que ele possa tomar a 'escada rolante de Deus', é necessário que tanto ele próprio como os pais conectem-se com Deus por meio de oração e confiem totalmente na providência divina.
Tomar a 'escada rolante de Deus' é entregar tudo nas mãos de Deus. Na 'escada rolante de Deus', a pessoa deve tirar o fardo dos seus ombros. Deve entregar todos os pesos da mente humana, tais como: propósitos interesseiros, pensamentos mundanos, apegos, preocupação excessiva com as aparências e outros fardos mentais."

Confesso que não entendi até agora o porquê do professor Seicho criar esta metáfora de "escada rolante de Deus". Porque cargas d´água ele criou isso? Por "escada rolante de Deus" devemos entender ligação direta com o Pai? Caso afirmativo, um nome mais bonitinho para isso seria a nossa velha e conhecida Meditação Shinsokan. Afinal de contas, todos nós, através da MS conseguimos liberar todos os pesos da mente, com a conscientização de que somente boas coisas existem, e confiar nesse fato.

Aliás, esse termo "escada rolante de Deus" também só vale a nível fenomênico, afinal de contas, no plano espiritual nunca estamos separados de Deus, apenas estamos aqui para mostrarmos que somos efetivamente Seus filhos. Não precisamos de escadas rolantes e sim de pequenos lembretes, pequenas certidões de nascimento espalhadas pelos caminhos de nossas vidas que nos recordem, sempre e constantemente, que somos Seus filhos. O resto, bem, o resto, como diria nosso querido rabino...